segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS HABITANTES DE BRUMADINHO

Manifesto em solidariedade aos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho/MG 
Vale mais o lucro do que a vida? Um manifesto pelo direito à vida!



Três anos se passaram desde o crime da Samarco (Vale/BHP) com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG. Nada mudou! Um rio marrom levou lama da serra ao mar por mais de 600 Km. 19 pessoas morreram e uma mãe perdeu seu bebê ainda no ventre. E o rio Doce? Também morreu. Agora a história se repete como tragédia. Mais uma vez a Vale mata o rio Paraopeba e ameaça matar o São Francisco. Brumadinho chora desde o dia 25 de janeiro, nós também. Dezenas de corpos já foram encontrados sem vida. Centenas ainda estão desaparecidos e o rompimento da barragem da Vale é o maior acidente trabalhista da história deste país. Até quando o lucro valerá mais do que vidas humanas? Até quando continuarão saqueando nossos minérios e os levando para o exterior, enquanto aqui nos resta a lama e a morte? Até quando o assombro do rompimento de barragens vai nos perseguir? Em Brumadinho, o poder público não escutou as comunidades e atuou em favor do poder corporativo para liberar as licenças de ampliação do complexo de barragens em dezembro de 2018. Essa liberação vem acompanhada pela defesa feita durante toda a campanha eleitoral por Jair Bolsonaro da necessidade da flexibilização do licenciamento ambiental. E três dias após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, voltou a falar da necessidade da revisão dos licenciamentos. O ministro foi denunciado pelo MP-SP e, em 2018, condenado por improbidade administrativa na 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo por favorecer empresas mineradoras. Se o atual sistema de licenciamento fragiliza o controle e a fiscalização sobre a segurança de barragens e favorece as grandes empresas, como ficará depois de flexibilizado? Uma empresa privada funciona a partir dos interesses de seus acionistas majoritários. A Vale S.A. regula seus investimentos a partir do valor estipulado para o minério de ferro no mercado internacional. Em 2011 o preço da tonelada de minério de ferro era US$179 dólares, em janeiro de 2015 era de US$68. Quando cai o preço do minério, ela corta seus custos justamente na áreas de segurança do trabalho e de monitoramento. Chega de uma empresa que funciona para garantir o lucro de seus acionistas! E por fim, um alerta: o que aconteceu em Brumadinho e no vale do rio Doce está mais perto do que imaginamos. Existem no Rio de Janeiro 29 barragens, das quais 6 apresentam alto risco de rompimento (Dano Potencial Associado), segundo estudo elaborado pela Secretaria Estadual de Ambiente e pelo Inea. São elas: Juturnaíba, Saracuruna, Rio Imbuí, Triunfo, Lago Javary e Gericinó. Não queremos que crimes como o de Mariana e Brumadinho ocorram aqui. Não queremos barragens rompendo sobre nossas terras, casas e corpos. Convocamos o povo brasileiro, pelo espírito de solidariedade e justiça social que nos move, a apoiar as famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho, entendemos que se trata de um crime continuado pela Vale contra o povo brasileiro, e exigimos justiça e que a morte de pessoas, de animais, dos rios e do meio ambiente não fiquem mais uma vez impunes. Manifesto em solidariedade aos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho/MG Vale mais o lucro do que a vida? Um manifesto pelo direito à vida!
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Fonte:SEPE/RJ