SOBRE VAGABUNDOS E MADRUGADORES
O funcionalismo público não é
vagabundo, ao contrário do que algumas autoridades afirmam. Trabalham
cotidianamente para atender a população seja nas escolas, nos postos de saúde,
nos hospitais, nas repartições, etc. São
concursados para atender o público, não as vontades de determinados políticos
ou grupos de poder . Sabemos que nem todos cumprem seu dever. Mas esses são
minoria para a qual existem mecanismo legais de sanções.
Ao contrário do servidores, que
são concursados, existem autoridades que são nomeadas para cargos executivos
para a gestão pública não por sua
competência ou disposição de trabalho, que podem até ser atributos dos
nomeados, mas por seu alinhamento político. E muitas vezes para justificar sua
nomeação, obedecem a interesses que não são os do povo. Mesmo que para isso
acordem muito cedo.
O serviço público existe para que
todos tenham acesso aos direitos tais como saúde e educação. Vemos durante a
pandemia a importância do Sistema Único de Saúde –o SUS- conquista das lutas dos
trabalhadores na Constituição de 1988. Se não houvesse o sistema público de
saúde, teríamos muitos mais do que 250 mil mortos. A maioria do povo, pela
política de salários e emprego no Brasil, não tem condições de pagar um plano
privado. Mas paga impostos que devem sustentar o sistema público de saúde ,
educação e políticas sociais.
O bom exemplo dos nossos
profissionais da saúde, que muitas vezes passam dias sem dormir e arriscam sua
vidas nessa batalha contra o COVID-19, deveria receber o respeito das
autoridades. Também os profissionais da educação, que mostraram seu compromisso
com a aprendizagem dos alunos disponibilizando de graça seus telefones, seus
pacotes de dados, horas extras para aprender a linguagem da internet e para
montar atividades sem apoio econômico e logístico dos governos. Pelo contrário,
alguns governos até retiraram dobras e pagamento de horas-extras, economizando
no orçamento em detrimento do aprendizado dos alunos e as custas do sofrimento
dos profissionais.
Não resta dúvida que tal
afirmação alinha-se à defesa do fim dos serviços públicos para que o setor
privado avance e assim tenhamos uma sociedade onde só quem pode pagar terá
acesso aos direitos básicos. Pois a afirmação de que os servidores públicos são
vagabundos, vinda de autoridades, tem consequências. Tentam, junto à população,
descredenciar os servidores públicos para justificar a super -exploração de seu
trabalho com congelamento de salários, não pagamento de seus direitos, não
realização de concursos público e contratação de seus apadrinhados políticos.
E, para quem é gestor da coisa
pública, mas também tem interesses no setor privado, tal afirmação torna-se
mais monstruosa.
A PEC Emergencial e a reforma
administrativa, que estão circulando no Congresso Nacional, que desvincula os gastos
com saúde e educação e retira direitos dos servidores, segue nesse sentido. A
desestruturação do SUS bem como o desmonte do financiamento das redes púbicas
da educação básica, abre um amplo espaço para iniciativa privada. Sob a
alegação de que precisa de verba para pagar o auxílio emergencial, o Governo
Federal tenta retirar os direitos de acesso
à saúde e educação do povo. Colocar a culpa nos funcionários públicos, retirar
seus direitos sob a égide de racionalização da administração pública é piada de péssimo gosto.