Greve do magistério em São Gonçalo atinge o 34º dia
Sem acordo sobre o reajuste, professores mantêm paralisação por tempo indeterminado
HENRIQUE MORAES
Rio - Mais de 60 mil alunos da rede municipal de São Gonçalo completam hoje 34 dias sem aula devido à greve dos professores que decidiram nesta terça-feira, em assembleia, manter a paralisação iniciada em 26 de março. Desde o início do ano letivo, em 10 de fevereiro, os estudantes tiveram apenas 29 dias de aula.
Destes, cerca de 15 mil não tiveram nenhuma aula em algumas matérias, segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro — Núcleo São Gonçalo (Sepe-SG), devido à falta de professores. O próprio sindicato diz que há risco desses alunos perderem o ano ou terem que estudar no período de férias, após o fim da greve.
Em nova assembleia, professores de São Gonçalo decidiram, por unanimidade, não aceitar a proposta da prefeitura e mantiveram a greve
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
A categoria reivindica reajuste de 30%, rejeitando a proposta de 7% da prefeitura, a partir de maio, e mais 5% em novembro. Diretor do Sepe-SG, José Ricardo Vidal diz que o piso salarial inicial de R$ 764,55 é um dos menores do estado. “O prefeito Neilton Mulim prometeu 66% de reajuste quando assumisse o governo. Disse que tinha um estudo técnico e poderia dar o aumento.
Porém, ao assumir, nos deu apenas 12% ano passado”, afirma Vidal, apontando que o governo federal, por meio do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), repassa R$ 130 milhões ao ano para o município arcar com o setor. Ele explica que os 30% de reajuste são dados referentes a arrecadação do município, de acordo com o do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos sindical brasileiro (Dieese).
O aluno Pablo e o pai, Paulo Roberto Faria, participam da assembleia
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Prefeito diz ser impossível aumento de 30%
O prefeito Neilton Mulim disse que, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal e do orçamento do município, não é possível conceder um aumento de 30%. “Este é o terceiro reajuste concedido em apenas um ano e quatro meses de governo.
Ao todo, a categoria terá um reajuste salarial de 19%. Este é maior percentual dos últimos oito anos, quando os professores receberam apenas 15,7% de reajuste”, diz Mulim, sem comentar a promessa de campanha e a verba do Fundeb. A categoria também cobrou a votação na Câmara Municipal da mensagem do Executivo para eleições diretas de diretores de escolas. A proposta foi enviada na segunda-feira e os educadores esperam celeridade dos parlamentares para alterar o artigo 175 da Lei Orgânica do Município.
Pais e filhos preocupados
Pablo Roberto Fernandes de Almeida, de 15 anos, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental do Ciep Armando Leão Ferreira, no Engenho Pequeno, receia não terminar o ano letivo. Antes mesmo do início da greve, ele vinha tendo apenas três matérias, devido à falta de professores na escola. “Dizem que eles vão chegar, mas até hoje nada. Com a greve, não sei como vai ser”, reclama.
Pai de Pablo, o funcionário público Paulo Roberto Faria, de 54, esteve na assembleia apoiando o movimento. “Estou preocupado com meu filho, mas apoio o movimento porque não há como ter um profissional de ensino de qualidade ganhando R$ 764 por mês. Cadê o prefeito que até hoje não fez uma proposta decente a categoria?”, questiona Faria.
Tatiane Ferreira de Souza, de 28, professora do Jardim de Infância Menino Jesus, no Zé Garoto, reclama que desde setembro de 2013 seu salário deveria ser de R$ 1.011. Porém, foi de R$ 764, 55 até março. “Tenho graduação e ganhava como se eu tivesse apenas Ensino Médio”, diz.
Erika Peixoto, de 44, professora da Creche Municipal Formando Vidas, no Mutuapira, conta com o marido para pagar as contas. “Há professoras que já foram despejadas por não pagar aluguel”, informa.
Hoje, os profissionais da educação da rede municipal de São Gonçalo reunidos em assembleia no C.M.Castello Branco, decidiram pela Continuidade da Greve com as seguintes atividades:
28/04 - Ato público às 10 horas- Passeata com concentração em frente ao Ministério Público em direção à prefeitura municipal.
29/04- Assembleia às 16 horas no C.M.Castello Branco, com indicativo de passeata até a Câmara Municipal de São Gonçalo.
Ontem, 15/04, os profissionais da educação da rede municipal se reuniram para protestar pelo descaso com a Educação pública do município de São Gonçalo, os profissionais seguravam um copo com vela simbolizando o Velório e
Foi encaminhada hoje para a Câmara de Vereadores mensagem para eleição de diretores nas escolas, não sabemos se a votação será hoje, mas a direção do Sepe-SG, está acompanhando neste momento toda a movimentação.
Informamos que amanhã 09/04, conforme notificação da Ampla a rede elétrica será interrompida temporariamente para realização de manutenção das 06: 00 até 15:48h, portanto ficaremos sem energia elétrica na sede do Sepe/SG.
Em assembleia da rede municipal, realizada hoje, 08/04, no C.M.Castello Branco, a categoria votou por unanimidade pela Continuidade da Greve, com as seguintes atividades:
09/04- às13 horas, concentração na Prefeitura junto com os profissionais da saúde;
10/04-Corridas às escolas e mobilização pelas redes sociais, telefone, etc...
11/04-Corridas às escolas e mobilização pelas rede sociais, telefone, etc...
14/04-Corridas às escolas e mobilização pelas rede socias, telefone, etc...
15/04-Concentração na prefeitura comVelório e Malhação do Judas e aos gabinetes dos Vereadores
16/04-Acampamento de 10 às 17h para panfletagem e assinatura de apoio.
Passeata realizada pelos profissionais da educação do município de São Gonçalo que estão em greve desde 25/03 por melhores sálarios e condições nas escolas públicas da rede municipal de São Gonçalo. A passeata aconteceu ontem, dia 01/04 e reuniu um grande número de profissionais da educação da rede municipal que se concentraram em frente ao Ministério Público ao lado do Fórum Novo e caminharam em direção à Prefeitura Municipal de São Gonçalo onde permaneceram até que a Comissão de Negociações fosse recebida.
Hoje está acontecendo nova assembleia às 16h no C.M.Castello Branco onde será decidido o rumo do movimento, a pauta de reivindicações dos profissionais é a seguinte: índice de reajuste de 30% (reposição da inflação desse ano + percentual de perdas do governo passado + ganho real); Eleição de diretores no 1º semestre; 1/3 da carga horária para planejamento para todos os segmentos; Revogação das 16h para Doc I; Chamada de todos os concursados e abertura imediata de concurso para todas as áreas; dobra calculada sobre o salário total e sem desconto do IPASG; fim do desconto do IPASG sobre a dobra; vale-transporte integral; 30 horas para os auxiliares de creche; Acerto da tabela dos auxiliares de creche da rede municipal; Abono qualificação valendo para as 2 matrículas; Exigência de BIM somente após 3 atestados médicos; Limite de alunos em salas de aulas e creches; Garantia dos PPPs; Materiais didáticos para todas as escolas ; Climatização das escolas e Melhores condições de trabalho.